Por Isis Reis e Rosi Messias (Corriente Socialista de las y los Trabajadores-CST-UIT-CI)
1/11/2024. No dia 31 de outubro foram condenados Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, os ex-policiais militares e réus confessos pelo assassinato em 2018 de Marielle Franco e Anderson Gomes. As penas foram de 78 anos e 9 meses e 59 anos e 8 meses, respectivamente. Depois de uma espera de 6 anos, a sentença dada aos assassinos foi um passo importante na busca por justiça, mas a luta precisa continuar. O resultado foi comemorado numa mobilização em frente à estátua da Marielle, no centro do Rio de Janeiro, que contou com a presença de familiares de vítimas de violência.
O julgamento durou dois dias e ocorreu no Tribunal de Justiça do estado do Rio de janeiro, através de júri popular. No primeiro dia, na quarta-feira, na parte da manhã foi realizado o ato “Amanhecer por Justiça por Marielle e Anderson” na porta do Tribunal de Justiça do RJ, com a presença do coletivo de mães de vítimas de violência no estado, movimentos sociais, feministas, e os familiares de Marielle e Anderson. O ato seguiu pelas ruas até o Buraco do Lume, onde foram realizadas falas na frente da estátua de Marielle. No ato gritamos por justiça para que esses réus confessos recebessem a pena máxima.
Não há dúvidas que o julgamento e as penas recebidas por esses criminosos foi fruto das mobilizações dos movimentos sociais e da enorme repercussão do caso a nível nacional e internacional. E agora mais do que nunca devemos investigar tudo e todos! Existem mandantes dos assassinatos de Marielle e Anderson, que tem que ser julgados e presos. Os suspeitos de serem os mandantes desses crimes bárbaros são: Rivaldo Barbosa – ex-delegado e ex-chefe da Polícia Civil, Domingos Brasão – ex-Conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro e seu irmão Chiquinho Brasão – ex-deputado federal e ex-secretário de governo do Prefeito Eduardo Paes. O envolvimento dessas figuras é exemplo de como o crime organizado está inserido nas instituições desse podre regime político, a serviço dos ricos e milicianos. Num estado onde todos os dias tem operação policial nas favelas que mata pobre e negros.
Em 2018, quando a Marielle foi assassinada, o estado do Rio de Janeiro estava sob intervenção federal na segurança pública, sendo o interventor o general Braga Neto (ex-Ministro de Bolsonaro). Braga Neto era o chefe maior da segurança pública na época, por isso também deve ser investigado e, da mesma forma, o então governador do estado Luiz Fernando Pezão que sempre manteve relação com a família Brazão. Alguns dias antes de seu assassinato, Marielle havia assumido a relatoria de uma comissão criada para acompanhar a intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro. Por fim, tem que ser apurado também o papel da família Bolsonaro e sua relação com o chamado “escritório do crime”.
Por uma comissão independente de investigação e uma jornada de luta até que todos os envolvidos sejam presos.
Nós da CST colocamos que é fundamental a constituição de uma comissão independente de investigação formada pelos familiares de Marielle e Anderson, pelos movimentos negros e das favelas, pelo movimento de mães de vítimas da violência policial, pela Anistia Internacional, por movimentos sociais e organizações pelos direitos humanos para que se possa investigar se existem mais agentes públicos envolvidos nesses assassinatos. Por fim, é necessário seguirmos mobilizados nas ruas exigindo justiça. Por isso, propomos que a CUT, CTB, UNE e MTST convoquem uma jornada de luta até que todos os envolvidos, sejam políticos, membros do judiciário ou da Polícia, sejam presos!