Por UIT-QI, LIT-QI e CCRI
28/12/2025. O governo dos Estados Unidos, sob a presidência do ultra-direitista Donald Trump, está avançando na ofensiva belicista e intervencionista no Caribe, particularmente contra a Venezuela.
Em dezembro, os EUA decretaram um bloqueio total à entrada e saída de petroleiros na Venezuela, após apreenderem arbitrariamente vários navios e se apropriarem de toneladas de petróleo do país. Isso ocorreu após quase trinta ataques a embarcações no mar do Caribe e no Oceano Pacífico, que deixaram centenas de mortos, com o falso argumento do “combate ao narcotráfico”.
Trata-se de algo extremamente grave para um país que depende fortemente das receitas da exportação do petróleo.
Além disso, Trump está preparando uma intervenção militar na Venezuela para depor Maduro e instalar um governo de extrema-direita. Para esse fim, posicionou uma enorme frota naval no Caribe. Seja por meio de invasão, ataque aéreo ou estrangulamento econômico, o objetivo é o mesmo: instalar um governo fantoche no país.
O argumento da “guerra às drogas” é o pretexto usado para justificar as manobras imperialistas. A história das intervenções dos EUA demonstra que sua política não tem a menor intenção de combater o narcotráfico. Pelo contrário, agências federais estadunidenses têm colaborado com cartéis de drogas no México e na Colômbia, e suas intervenções não serviram para deter o tráfico, mas sim para reorganizá-lo sob o controle dos EUA. O indulto concedido por Trump a Juan Orlando Hernández – ex-presidente de Honduras, que cumpria pena de 45 anos de prisão nos EUA por narcotráfico – expõe a farsa.
O documento recentemente publicado sobre a Estratégia de Segurança Nacional do governo Trump explicita o objetivo de instalar governos fantoches na América Latina. Não são mais suficientes governos pró-imperialistas, que implementam políticas neoliberais e abrem a economia para corporações multinacionais. Trump quer governos de extrema-direita, completamente subservientes. Para isso, tem, inclusive, exercido pressão econômica e política para influenciar eleições. Está obtendo avanços com Milei, Kast, Bukele e Asfura, e quer ainda mais com o uribismo na Colômbia.
Como parte disso, Trump rejeitou a proposta de Maduro de entregar todo o petróleo e os minerais do país em troca da permanência no poder, conforme noticiado pelo New York Times. Trump quer impor María Corina Machado como um governo fantoche, por todos os meios necessários. No entanto, Trump não tem tudo a seu favor. Mais de 70% dos estadunidenses se opõem ao plano de invadir e atacar a Venezuela.
Essa posição do governo dos EUA é extremamente grave, pois afetará os trabalhadores na Venezuela, venezuelanos residentes em outros países e os povos da América Latina como um todo. Há décadas não ocorre uma agressão militar ou invasão direta dos EUA no continente.
Por isso, estamos convocando uma ampla campanha unitária com todos aqueles que se opõem às imposições imperialistas na Venezuela e na América Latina. Até o momento, não houve uma mobilização anti-imperialista contra a intervenção de Trump proporcional à magnitude da ameaça existente. É crucial e urgente reverter essa situação e avançar na unidade de ação diante da gravidade das circunstâncias.
Nenhuma confiança em Maduro
Lutar contra Trump e seu intervencionismo não significa, em hipótese alguma, dar qualquer tipo de apoio político a Maduro. Seu governo não é anti-imperialista nem socialista. Aliás, até hoje, a corporação transnacional estadunidense Chevron continua operando na Venezuela e é a principal exploradora e exportadora do petróleo venezuelano. Trata-se de uma ditadura capitalista, que governa implementando um ajuste contra o povo trabalhador; um governo de duplo discurso e do falso socialismo.
Os salários dos trabalhadores venezuelanos foram dizimados pela inflação. Hoje, o salário-mínimo equivale a menos de um dólar por mês. Os direitos trabalhistas e sindicais foram violados como parte da política de ajuste patronal e anti-operária de Maduro. Como consequência, os serviços básicos estão em completo estado de deterioração.
As sanções imperialistas e agora a ofensiva belicista e intervencionista só agravam a situação, degradando ainda mais as já dramáticas condições de vida da classe trabalhadora.
Portanto, estaremos na linha de frente da luta contra a intervenção de Trump na Venezuela, mas sem dar apoio político nem depositar nossa confiança em Maduro.
Construir uma forte e unitária campanha anti-imperialista
Rejeitamos as declarações de Donald Trump, que exigem “a devolução aos Estados Unidos de todo o petróleo, terras e outros bens que lhes foram roubados”, como se esses recursos alguma vez lhes tivessem pertencido. A verdade é que o imperialismo estadunidense, em conluio com sucessivos governos venezuelanos — os da época do Pacto de Punto Fijo, o regime chavista e, especialmente, o atual governo Maduro — tem historicamente saqueado os recursos energéticos, petrolíferos, minerais, as terras e demais riquezas do país. O que Trump pretende, em meio à disputa inter-imperialista no continente, é reforçar e assegurar esse saque, através de um governo fantoche como o de María Corina Machado e do setor burguês que ela representa.
O governo Maduro, com sua política de ajuste e repressão, só está facilitando uma possível intervenção, ao aumentar a rejeição ao regime entre a população trabalhadora.
Nesse sentido, acreditamos que o confronto consequente com o imperialismo passa pela união dos trabalhadores e do povo venezuelano, exigindo do governo Maduro um programa que comece pela defesa das liberdades democráticas; a libertação dos presos políticos que repudiam a agressão imperialista; o aumento do salário-mínimo e das pensões ao nível da cesta básica; a restauração dos direitos trabalhistas, contratuais e sindicais; o fim da repressão às organizações dos trabalhadores; a concessão de direitos políticos a partidos de esquerda como o PCV, o PPT, a Marea Socialista e o PSL, entre outros; o fim da transferência dos recursos do Arco Mineiro do Orinoco (AMO) e da Faixa Petrolífera do Orinoco (FPO); e a rejeição da interferência imperialista e de suas ameaças de intervenção.
É preciso que, a partir das organizações do movimento operário e de massas, promovamos a mais ampla unidade de ação para rejeitar e enfrentar as agressões militares, os bombardeios criminosos no mar do Caribe e no Oceano Pacífico, o bloqueio petrolífero e todos esses atos de guerra, bem como uma eventual intervenção militar. Em qualquer confronto entre as forças armadas dos Estados Unidos e da Venezuela, os trabalhadores e as organizações populares devem batalhar pela vitória militar venezuelana e pela derrota do imperialismo estadunidense.
Nos Estados Unidos, reconhecemos como esses ataques imperialistas estão diretamente ligados aos ataques do governo Trump contra a classe trabalhadora do país, e igualmente à longa história de intervenções dos EUA contra a América Latina e a classe trabalhadora em geral; e encorajamos a mobilização de massas para detê-los completamente, incluindo a anulação, sem pagamento, de todas as dívidas neocoloniais controladas pelos EUA.
Os governos latino-americanos que afirmam se opor à intervenção de Trump devem convocar a mobilização, algo que não fizeram até agora. Que Lula, Petro e Sheinbaum — que afirmam rejeitar a intervenção de Trump — convoquem uma jornada de mobilização e ajudem diretamente a Venezuela a burlar as sanções, auxiliando na exportação e importação de mercadorias e fornecendo apoio militar contra a agressão dos EUA.
O apelo é direcionado aos trabalhadores e povos dos Estados Unidos e da América Latina, para que se unam e se mobilizem contra as ações que estão sendo realizadas pelo imperialismo estadunidense, que devem ser denunciadas pelo que são: atos de guerra contra todos os povos do continente em geral e contra o povo venezuelano em particular.
Rejeição total e categórica ao bloqueio naval contra a Venezuela e seu petróleo!
Não ao roubo do petróleo venezuelano e ao sequestro de seus navios de transporte!
Abaixo às sanções imperialistas contra a Venezuela!
Basta de bombardeios e assassinatos no Caribe e no Pacífico!
Não à invasão da Venezuela!
Nenhuma confiança em Maduro!
Armas para os trabalhadores! Ampla liberdade de mobilização contra o imperialismo! Suspensão do pagamento da dívida e dos contratos de entrega dos recursos do Orinoco!
Rejeição completa das ações de guerra de Donald Trump no continente!
Que Lula, Petro e Sheinbaum — que afirmam rejeitar a intervenção de Trump — ajudem diretamente a Venezuela a repelir militarmente esses ataques!
Fora Trump e o imperialismo estadunidense da América Latina e do Caribe!
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Declaração conjunta LIT-QI, UIT-QI e RCTI
Liga Internacional dos Trabalhadores – Quarta Internacional (LIT-QI, www.litci.org)
Unidade Internacional de Trabalhadoras e Trabalhadores – Quarta Internacional (UIT-QI, www.uit-ci.org)
Corrente Comunista Revolucionária Internacional (CCRI, www.thecommunists.net)
28 de dezembro de 2025
P.S.: Convidamos as organizações que concordam com as posições aqui expressas a se juntarem à declaração e à campanha.
