Resposta ao documento da LIT-CI: “Em defesa da moral proletária”
Fonte: Coordenação Nacional da CST
Se erigindo em Supremo Tribunal de Moral, a LIT acaba de divulgar um documento onde, mudando, tergiversando, amalgamando e/ou desconhecendo (como eles mesmos dizem no texto) os fatos da realidade, tenta defender um setor de sua militância que cometeu gravíssimos erros políticos e metodológicos, rompendo com a moral proletária e com a elementar solidariedade de classe no processo eleitoral do Sindicato dos Químicos de São José e Região. Para tanto, o texto afirma que efetuou uma profunda investigação da qual concluiu, de forma sumaria e sem mostrar um único documento comprobatório que tudo o que a Unidos, da qual os militantes da CST/UIT-QI fazem parte, tinha dito e publicado era falso e por tanto se tratava de um «novo» caso de calúnia da Unidos, da CST e da UIT. Na «profunda investigação», longe de escutar à ampla vanguarda que participou deste processo e conhece os fatos, os «juízes» foram designados pela própria LIT, para não haver nenhum tipo de contradição que pudesse alterar sua linha argumental ou lhes dissesse o que eles não queriam ouvir.
Da nossa parte os fatos são simples e muito claros porque estão registrados em textos que são de conhecimento público. Vamos responder concreta e documentadamente aos dois problemas centrais sobre os quais, a LIT/PSTU, se baseia para nos acusar de caluniadores. O primeiro, é que eles não tinham nada a ver com a chapa 2. Assim escrevem em sua declaração: «Os resultados de nossa investigação: uma Chapa do PSTU/LIT que nunca existiu» Para afirmar isto se baseiam em que seus integrantes não seriam filiados desse partido (!?); e o segundo, que eles não tem responsabilidade sobre a demissão dos companheiros da Johnson já que isso seria obra da própria patronal, minimizando e até justificando o fato de dois integrantes da chapa 2, como afirmam em seu documento: «… o mais inacreditável desta campanha, é que ela não foi lançada contra estes dois companheiros…»
1- Falamos, escrevemos e reafirmamos: a chapa 2 foi sim apoiada e adotada pela Conlutas/PSTU!
Queremos debater sobre fatos reais e o que está escrito, sem mudar uma vírgula. A Unidos e a CST sempre afirmaram que a Chapa 2 era apoiada pela Conlutas/PSTU que é parte da LIT. Citaremos dois textos:
«Chapa apoiada pelo PSTU (Brasil/LIT-CI) e a patronal da multinacional Johnson pedem na justiça a demissão de dirigentes químicos reintegrados» dizia uma nota da Unidos. Em outra nota pública assinada pela CST intitulada: «Em resposta à carta de Zé Maria/PSTU – Nem mentimos nem caluniamos – Os fatos e documentos são categóricos», começamos assim: «Os recentes fatos ocorridos no Sindicato dos Químicos de São José dos Campos e Região, onde a Chapa apoiada pela Conlutas/PSTU, entrou na justiça burguesa para acabar com a estabilidade dos dirigentes da Chapa 1 provocando sua demissão por parte da multinacional Johnson, é de uma gravidade extrema».
Isso é verdade como afirmamos ou mentira como afirma a LIT?
Vejamos: A chapa 2 foi organizada e conformada na sede da Conlutas e fez o seu comitê na sede dessa organização e também no Sindicato dos Metalúrgicos de São José, ambas organizações dirigidas pelo PSTU. A chapa 2, fez sua apresentação perante a Comissão Eleitoral pelas figuras do Índio, Mancha e Renatão, três velhos quadros da região do Vale de Paraíba e do PSTU. A equipe de advogados e assessores da chapa 2 estava composta por: Renato Bento Luiz e Adilson dos Santos (assessores políticos da chapa); Fabiana Costa do Amaral, Aristeu Pinto Netto Advogados da Chapa. TODOS militantes do PSTU. Os principais militantes, agitadores e propagandistas durante todo o tempo que durou a campanha (quase um mês) eram os quadros mais destacados do PSTU do Vale de Paraíba como Mancha (ex presidente do sindicato dos Metalúrgicos), Gradela, figura histórica do PSTU e da LIT, Índio, Renatão, Macapá (atual presidente dos metalúrgicos) e muitos outros quadros que de fato assumiram as tarefas que os integrantes da chapa 2 não queriam ou não tinham condições de fazer.
A LIT tem que responder a estes fatos e documentos: a chapa 2, nas eleições dos Químicos de São José dos Campos e região era a chapa apoiada pelo PSTU ou não? Era a chapa que a Conlutas/PSTU adotou neste pleito eleitoral ou não? O que dizem nossos panfletos, notas e documentos públicos, de que a Chapa 2 era a Chapa apoiada pela Conlutas/PSTU é calunia ou é verdade?
Nunca afirmamos que os integrantes da Chapa 2 eram filiados ao PSTU, o que carece de qualquer importância. A verdade é que a Conlutas/PSTU, que não tolera os que não se centralizam com sua organização, tentou uma jogada de mestre para ganhar o Sindicato dos Químicos e recuperar o terreno perdido depois que um dirigente e figura pública de seu partido vendeu o mandato sindical à patronal da Cognis como eles reconhecem em seu documento. Infelizmente, mais uma vez erraram de aliados e acabaram defendendo sindicalistas que demonstraram ter relações promiscuas com os RHs das multinacionais Monsanto e Johnson & Johnson e que nunca se destacaram por seu comprometimento com a luta dentro da fábrica ou na diretoria do Sindicato.
2 – A mudança do tesoureiro
Também são incorretas as conclusões da LIT neste episódio. Ainda reconhecendo em seu texto que: «Desde a direção da LIT não temos condições de saber todos os detalhes desta luta que se deu no interior do sindicato e da UNIDOS», denunciam que os companheiros da Unidos, numa manobra maquiavélica, «na véspera da eleição» mudaram o tesoureiro do sindicato para ficar com o controle do dinheiro. Escrevem em seu documento: «A maioria da direção, para tomar o controle do dinheiro do sindicato, mudou o tesoureiro (colocaram um militante da CST) e, para fazer isso, confeccionaram uma ata, falsa, de uma assembleia que não existiu». Mentiras!
Por unanimidade, a Diretoria votou que o tesoureiro (Fabinho, um dos diretores que, tempo depois, seria uma das lideranças da chapa 2 apoiada pela Conlutas/PSTU) voltara para fábrica depois de 6 anos fora do trabalho. Para tanto, era necessário designar um novo tesoureiro já que esse cargo necessita de tempo de liberação.
Mas Fabinho, que deixou a tesouraria, não acatou esta deliberação de voltar à fábrica já que, como descobrimos posteriormente, tinha um acordo pessoal de liberação remunerada acordado com a Monsanto. Passaram vários meses sem que o grupo que ele encabeçava indicasse algum substituto, como lhes foi oferecido. Por essa razão se fez reunião da Diretoria Colegiada e 2/3 da mesma assinaram pela mudança (forma prevista no Estatuto) e vários diretores do grupo do tesoureiro Fabinho, assinaram a ata, e continuaram a se recusar a designar o substituto tal como lhes foi oferecidos. Fica claro que a saída de Fabinho da Tesouraria, que foi muito antes do processo eleitoral, não respondeu a uma manobra da Unidos, como acusa sem provas a LIT, e sim a uma situação insustentável de um dirigente que tinha um acordo próprio de liberação com a Monsanto, aonde os trabalhadores chegaram a receber uma PLR inferior à acordada na Convenção Coletiva de Trabalho, ocasionando, na época, uma verdadeira rebelião de base. Por causa disto, os trabalhadores picharam na porta do armário do Fabrício, um outro diretor, que não estava liberado afirmando que o Sindicato era vendido. Por isso a diretoria resolveu a volta de Fabinho ao trabalho e indicou Cabral (da Johnson) para acompanhar as negociações da PLR, tarefa que não foi concretizada plenamente pelas manobras de Fabinho para evitar que Cabral entrasse nas negociações. Diferente do que a LIT insinua tudo isso está registrado em atas com registro em cartório e assinaturas autenticadas como manda a formalidade e aconteceu muito antes do processo eleitoral e não como eles afirmam em seu documento que foi «… na véspera das eleições».
3 – A Conlutas não defendeu nunca a Unidade dos químicos ao contrário do que afirma a LIT-CI
Outro fato que não corresponde à realidade, é que em seu texto, a LIT quer apresentar a Conlutas/PSTU, como uma organização preocupada com a unidade do movimento: «A CSP-CONLUTAS, frente à ofensiva patronal […] lhe propôs à oposição que tentasse construir uma chapa unitária», proposta à que a Unidos nem sequer teria considerado.
Os argumentos de que o PSTU/Conlutas tentou unificar os dois setores para evitar as represálias da patronal não se sustentam.
Primeiro, porque na dura greve de novembro de 2011, em plena campanha salarial, quando nos portões da Johnson os dirigentes do Sindicato se enfrentavam com a dura repressão da PM chamada pela multinacional, que batia com cassetete e jogava gás pimenta nos diretores que faziam piquetes para impedir a passagem dos ônibus escoltados pela PM para realizar Assembleia, o PSTU, a Conlutas e o Sindicato dos Metalúrgicos não deram as caras, quando esse era o primeiro momento necessário se queriam «evitar as represálias da patronal». Enquanto que, a vanguarda de diversas categorias do Vale do Paraíba que compõem o Fórum de Lutas do Vale, ali estava prestando sua solidariedade de classe.
Em segundo lugar, porque nem o PSTU nem a Conlutas nunca fizeram uma declaração pública contra as demissões que aconteceram como resultado desses confrontos. Nem participaram nem assinaram pela sua reintegração na que foi uma grande e participativa campanha, nacional e internacional, exigindo a reincorporação destes dirigentes o que finalmente se conseguiu graças à campanha e às diligências jurídicas dos advogados do sindicato para proteger os dirigentes demitidos. Ou seja, mais uma vez, por não se tratar de um sindicato controlado pela Conlutas/PSTU, se omitiram nesta campanha, em outra grave falha de moral proletária.
No entanto, e isso a LIT sabe, que o PSTU e a Conlutas tem no sindicato dos metalúrgicos de SJC um dos seus trabalhos sindicais mais importantes. A razão desta atitude tal vez seja a que explicita no panfleto da chapa 2 apoiada pelo PSTU/Conlutas, durante a campanha eleitoral das eleições dos Químicos, onde comparam greve a «tumulto» e afirmam defender um sindicato que negocia com «responsabilidade»… Como se a greve e a luta fosse coisa de irresponsáveis!
Então, a proposta de chapa «unitária» do PSTU era de todo ponto de vista oportunista. Na realidade visava enfiar uma cunha na diretoria para entrar pela janela numa categoria que lhe fechava as portas. Como não conseguiu seu objetivo teve de se conformar com apoiar um setor desprestigiado na base, que por ser pro patronal, foi rejeitada pela ampla maioria da categoria. Por tanto, a principal pergunta que a LIT deveria se fazer e fazer a seus quadros é: Por que a Conlutas/PSTU acabou se abraçando com o pior da antiga diretoria e não apoiou a chapa 1 da Unidos Para Lutar que, ainda com divergências, sempre esteve ao seu lado nos embates contra a patronal e a burocracia no sindicato dos metalúrgicos e na última eleição, em fevereiro de 2012 chegou a emprestar a sede da Unidos para que os metalúrgicos do PSTU/Conlutas organizassem seu quartel geral?
Então, como querem ter credibilidade agora com isso de que queriam ajudar a unificar se durante os enfrentamentos cumpriram o papel de pelegos? Para nossa tradição esse tipo de atitude é uma clara violação à moral proletária!
4- A Conlutas/PSTU ao não romper com os caguetas que provocaram novamente as demissões dos sindicalistas na multinacional Johnson & Johnson se converteu em seus cúmplices
Resultam inadmissíveis as justificativas da Conlutas/PSTU, de seu principal dirigente Zé Maria e agora da LIT para tentar explicar o processo que derivou na demissão, pela segunda vez, de cinco dirigentes por parte da multinacional Johnson & Johnson. É a primeira vez que uma corrente que se reivindica da esquerda revolucionaria faz recair a responsabilidade das demissões no sindicato e nos trabalhadores e não na patronal e nos pelegos que entraram na justiça!
Quando se soube de que uma denuncia de dois integrantes da chapa 2 protocolada frente à Justiça do Trabalho tinha sido o causal das demissões dos companheiros que recentemente tinham sido reincorporados, uma verdadeira corrente de indignação percorreu a vanguarda sindical que durante meses tinha participado da campanha nacional e internacional pela reintegração, obtendo uma clara vitória.
Voltando às demissões, ninguém poderia imaginar que a Conlutas/PSTU compactuasse ou silenciasse um fato tão grave, por isso quase de forma imediata, num documento público, a chapa 1 pediu ao PSTU não somente que deixe de apoiar, mas que rompesse publicamente com a chapa 2 (ver panfleto). Mas o que vimos foi completamente diferente. Demonstrando indignação frente a nosso pedido de ruptura com a chapa 2, Zé Maria, principal figura pública da Conlutas e do PSTU, lançou uma carta pública justificando os caguetas porque supostamente estavam defendendo sua estabilidade e acabava acusando à diretoria atacada pela multinacional e a justiça burguesa pelas demissões, por uma suposta «desordem no jurídico da entidade sindical». Um absurdo! Nem um dirigente classista teria coragem de falar isso, muito menos de escrever, como fez Zé Maria. Mas para nossa surpresa, descobrimos que a LIT, em seu documento, se utiliza dos mesmos argumentos.
Vejamos, textualmente, como a LIT trata um tema tão grave como a demissão de cinco dirigentes sindicais:
«A patronal entrou na justiça pedindo que somente 14 diretores tenham estabilidade (anteriormente eram 41) e conseguiu que a justiça aceite sua proposta a partir do qual veio a demissão de 5 diretores. Foi fácil para a patronal ganhar na justiça sua reivindicação porque o sindicato não apresentou corretamente o devido recurso (fez o depósito fora do prazo legal) e, a partir daí, demitiu a cinco diretores do sindicato que não estavam na lista dos 14 com estabilidade que a juíza tinha confeccionado. Para tentar reverter as demissões o sindicato colocou na lista dos 14 aos 5 demitidos coisa que a juíza aceitou e assim os cinco sindicalistas foram readmitidos, ainda que posteriormente, a patronal apresentou um recurso solicitando a anulação da sentença da juíza e com isso os dirigentes reincorporados voltaram a ser demitidos. Parece inacreditável que o sindicato tenha cometido tamanho erro jurídico com graves consequências políticas, mas o mais inacreditável é que a maioria do sindicato, em lugar de reconhecer seu erro, tenha passado a responsabilizar à oposição, ao PSTU, à CSP-Conlutas e … até a LIT pelas demissões»
O que resulta inacreditável é este texto assinado pela LIT. O primeiro que todo ativista ou dirigente sabe é que desde a fundação da CUT, os sindicatos se construíram renegando as leis trabalhistas do getulismo. A limitação para 14 dirigentes com estabilidade, é uma dessas leis que todos os sindicatos resistem a cumprir no Brasil, por isso os químicos elegeram 41 diretores, por isso a chapa dos metalúrgicos dirigida pelo PSTU, acaba de empossar 40 diretores! Por isso nenhum sindicato respeita essa disposição. A LIT não sabe disso? Todos sabem que o problema com os químicos se gerou pela guerra que a multinacional Johnson & Johnson declarou ao sindicato tentando destruí-lo ou minar suas forças de todas as formas possíveis, em primeiro lugar demitindo seus dirigentes que lutam por conquistas nos piquetes. É disso que se trata e não de prazos de deposito como diz Zé Maria e agora repete com toda infelicidade a LIT. É um problema político! É o que acontece em todo o mundo e se chama criminalização dos movimentos. A demissão de Cabral e demais companheiros é parte dessa criminalização que a LIT não tem a menor sensibilidade para entender e se solidarizar por cima de qualquer questão, ainda que esta fosse por um erro do jurídico do sindicato. Esta é a primeira questão, uma questão de solidariedade de classe.
A segunda é que a LIT volta a mentir com um jogo de palavras quando, para salvar seus aliados caguetas, diz: «… posteriormente, a patronal apresentou um recurso solicitando a anulação da sentencia da juíza e com isso os dirigentes reincorporados voltaram a serem demitidos». O que não diz o texto da LIT-CI é que quem fez a primeira apresentação pedindo a anulação da sentença que concedeu a estabilidade para os demitidos ante a juíza, foram dois integrantes da Chapa 2 apoiada pelo PSTU! Somente quando perceberam a violenta reação que esse fato teria na vanguarda sindical, repudiado até por militantes da Conlutas, esses dois pelegos foram aconselhados rapidamente pelo PSTU a retirar a denuncia. Mas já era tarde, o estrago estava feito. Se baseando nos mesmos argumentos destes dois caguetas, a Johnson entrou atrás deles e coroou o trabalho sujo iniciado pelos integrantes da chapa 2. Se a Conlutas/PSTU e agora a LIT não compactuam com isto, porque tratam de justificá-lo reduzindo a um problema de um erro do jurídico do sindicato? Se a Conlutas/PSTU e agora a LIT não concordam com isto, por que não pediram a expulsão desses elementos da Chapa e/ou por que não romperam com a mesma como corretamente fizeram, na época, com Sirlei Gonçalves quando vendeu seu mandato?
A terceira mentira é a parte do texto da LIT que diz: «A atitude da maioria da direção, de colocar aos cinco dirigentes (demitidos) na lista dos 14 para tratar de reverter suas demissões provocou muita indignação. Porque ao colocar os cinco demitidos na lista dos 14 com estabilidade significava retirar dessa lista cinco companheiros que poderiam perder a estabilidade, poderiam ser demitidos a qualquer momento» Um argumento falso para justificar uma atitude cúmplice frente a uma ação contra a classe! O fato real é que os pelegos entraram na justiça, um dia após a inscrição da sua chapa, portanto, todos já tinham estabilidade. O Sindicato nunca acatou a indicação dos 14 nomes estáveis apresentada pela patronal e a atitude de apresentar os 5 nomes, como fez o sindicato, não prejudicava ninguém, somente dava a possibilidade de obter a reintegração como de fato aconteceu.
Lamentamos que nesse capítulo, o texto da LIT afirme: «Mas o mais inacreditável desta campanha, é que ela não foi lançada contra estes dois companheiros, nem contra a chapa de oposição, mas centralmente contra o PSTU, a CSP-Conlutas e a LIT sendo que foram estas organizações que ao se interarem da ação apresentada à justiça por esses dois companheiros, colocaram que era equivocado apresentar essa ação porque havia que lutar pela estabilidade de todos os companheiros e propuseram que a mesma fosse retirada.».
Em primeiro lugar, em nossa tradição, sempre, a responsabilidade é da direção e não da base. A chapa 2 foi dirigida de ponta a ponta pela Conlutas/PSTU. Quando afirmamos que a responsabilidade é da direção, não é para condena-la quando alguém da base comete um erro, o qual seria incorreto, mas para sinalizar que é a direção a que deve atuar para sanar esse erro. Neste caso, a direção Conlutas/PSTU, ao invés de sancionar exemplarmente os caguetas, e exigir sua separação da chapa, ao justificá-los, acabou sendo cúmplices. Se o problema era de um ou dois indivíduos, porque não foi resolvido pela oposição, a Conlutas, o PSTU ou por a LIT? Resulta evidente que se trata de um gravíssimo problema de concepção política que impregna a Conlutas/PSTU. Foi uma tentativa de atingir na cabeça à chapa 1 da Unidos para Lutar e acabou resultando um tiro no pé para a chapa 2 da Conlutas/PSTU.
Mas a Conlutas, o PSTU, Zé Maria e agora a LIT, que em seus escritos continuam justificando a ação de sua chapa, somente quando perceberam o escândalo que tal ação tinha provocado e a reação da vanguarda sindical, que levou à ruptura de honestos dirigentes operários com a própria Conlutas, tentaram botar a sujeira para baixo do tapete, mas ainda assim, como o demonstram os textos, sem nenhuma autocrítica e cheios de soberba, recuam atirando.
5 – Os rumos da Conlutas/PSTU
A eleição dos químicos de São José dos Campos e Região acabou. A chapa 1 da Unidos para Lutar ganhou com o 74% dos votos contra os 26% da chapa 2 da Conlutas/PSTU. Mas este é só um dado estatístico que não nos dá nem mais nem menos razão neste debate. Pode-se perder ou ganhar uma eleição, o fundamental é analisar a política com que atuamos. Sem dúvidas a política da Conlutas/PSTU neste caso é indefensável. Não é casual que vários honestos diretores do sindicato dos metalúrgicos, tenham se negado a entrar nesta disputa e que outros, durante a apuração, muito sinceramente, tenham nos pedido desculpas por ter que estar na trincheira errada. São dados importantes para saber que na Conlutas/PSTU existem muitos dirigentes valorosos com os quais vamos a poder continuar trabalhando juntos nos próximos embates da luta de classes.
Outra importante constatação neste processo eleitoral é que, contradizendo o que a Conlutas/PSTU pregava em seus panfletos, de que o Sindicato dos Químicos estava isolado depois de sair da Conlutas, quem ficou isolada foi a Conlutas/PSTU. A Chapa 1 da Unidos Para Lutar unificou a esquerda brasileira como há muito tempo não se via. Recebeu o apoio do PSOL, PCB, Intersindical, Sindicatos Químicos Unificados, Federação Química de SP, Oposição Química do ABC, Sindicatos do Fórum de Lutas do Vale de Paraíba (Alimentação, Condutores, Vidreiros do Vale, Municipais de São Sebastião/Jacareí, SindMineiros) SINTEPP/PA, APEOESP sub sede Lapa e Sul, a maioria da Oposição Metalúrgica de Niterói/Chapa3 e dirigentes sindicais de Metroviários/SP, Sinsprev/SP, e os sindicatos que integram a Unidos.
A direção da Conlutas/PSTU há bastante tempo vem atuando objetivamente contra os interesses da classe que diz defender. Voltamos a insistir com fatos incontestáveis que a LIT deverá julgar.
– A ausência e omissão absoluta dos dirigentes da Conlutas/PSTU durante a brutal repressão policial que o Sindicato dos Químicos sofreu nos portões da Johnson durante vários dias na última campanha salarial foram uma luz amarela. Um alerta que passou a ser vermelho quando não se pronunciou gente às demissões dos dirigentes sindicais químicos em represália por essa luta. Fatos gravíssimos que para nossa tradição, constitui uma violação à moral proletária. Mais ainda quando se desenvolveram no Vale de Paraíba, a principal região de atuação da Conlutas/PSTU, com grande repercussão na imprensa e onde estavam envolvidas solidariamente várias organizações que compõem o Fórum de Luta do Vale.
-Diferente foi a atuação da Unidos para Lutar durante o conflito que acabou com o violento despejo dos moradores do Pinheirinho um assentamento urbano dirigido por anos pela Conlutas/PSTU. Nessa luta a pesar da resistência do PSTU para aceitar a solidariedade de outras correntes, pelo temor de ver questionada sua hegemonia naquele movimento, numa atitude aparatista e isolacionista, a Unidos se mobilizou para levar a solidariedade, fretou ônibus de outros estados para fortalecer a resistência dos heroicos moradores do Pinheirinho. O mesmo fizeram outras correntes de esquerda e figuras do PSOL e ate do PT. Mas este exemplo, não é para resaltar virtudes da Unidos, que não fez mais que sua obrigação, e sim para denunciar uma política constante da Conlutas/PSTU de isolar de forma autoritária os movimentos que controla para evitar perder o controle político e burocrático.
-Foi essa política nefasta a que levou a Conlutas/PSTU a perder espaço entre os membros da chapa 3 SOS Metalúrgicos em Niterói, Rio de Janeiro. Nessa região, a Unidos dirige o SINTUFF, o sindicato dos funcionários da Universidade Federal Fluminense, pelo qual, como é costume e tradição, integrou-se desde o inicio no apoio da chapa 3, de oposição a uma velha burocracia pelega dirigida pela CUT. Independente de quem participara, era e é a Chapa dos lutadores dessa região na qual apostamos para recuperar um importante sindicato para o classismo. Mas para nossa surpresa, depois de várias atividades conjuntas, os dirigentes da Conlutas/PSTU, de forma sectária e aparelhista, colocaram em uma das reuniões que os panfletos e materiais da chapa 3 levariam somente a assinatura da Conlutas/PSTU e da Intersindical e não da Unidos, que segundo eles, não tinha militantes na chapa. Foi tão grande a indignação da maioria dos integrantes da chapa presentes na reunião, que sabiam de nosso trabalho, que quase estoura a chapa, pelo qual os dirigentes do PSTU tiveram que recuar. Se já havia desconforto por parte dos ativistas com a política auto proclamatória da Conlutas/PSTU, esse fato e outros que se sucederam, como a acusação de ocupação do local do PSTU em Niterói, uma mentira que muitos integrantes da chapa testemunharam ser uma inverdade, desencadeou um processo de ruptura com essa corrente que tentou se impor pela força para evitar perder o controle da chapa e acabou debilitada e desmoralizada perante a própria chapa ficando em minoria.
O exemplo da companheira Lourdinha da chapa 3 SOS Metalúrgicos
Parte dessa política autoritária, na que tentam manipular burocraticamente as pessoas, derivou na ruptura de uma das principais lideranças da chapa 3, a companheira Lourdinha, uma mulher com mais de 20 anos de trabalho na solda dos estaleiros e que desde a anterior eleição de 2008 militava na Conlutas/PSTU. Ao tomar conhecimento das demissões nos químicos de São José, a companheira, junto com outros metalúrgicos, assinaram uma nota de repudio a esse fato se solidarizando com os companheiros demitidos. Para surpresa geral, alguns dias depois começou a rolar pela internet um e-mail enviado pelo conhecido dirigente do PSTU, Américo Gomes, desde a Fundação Sundermann, onde três companheiros da chapa SOS metalúrgicos, dentre eles Lourdinha, apareciam desmentindo ter assinado o documento em solidariedade com os químicos impulsionado pela Unidos, nota que finalizava com os nomes destes três companheiros. . Mais uma vez, a Conlutas/PSTU tentava gerar intrigas e desconfianças falsificando uma nota que nunca existiu. Os três companheiros, não somente refirmaram que tinham sido consultados, como assinaram um novo texto desmentindo a nota da Conlutas/PSTU e voltando a repudiar os métodos utilizados pela chapa 2 dos químicos. Nota que, assinada de punho e letra divulgamos para evitar que a falsificação continuasse rolando e confundido.
O PSTU/LIT-CI e a Conlutas perdem o rumo
Quem acompanha a Conlutas/PSTU não fica surpreso com tudo isto. E mais, poderíamos continuar relatando inúmeros fatos de como a Conlutas/PSTU vem perdendo o rumo desde que teve uma política para romper com a unidade dos trabalhadores durante o CONCLAT realizado em Santos no ano de 2010.
Converteu-se numa corrente que visa quase exclusivamente garantir a legalização da «sua» central, para o qual muitas vezes acaba fazendo serias concessões ao governo no intuito de se mostrar «responsável», se contrapondo aos sindicatos que produzem «tumulto» como pregavam os panfletos que distribuíam na campanha dos químicos.
Do nosso ponto de vista, isso é que explica o lamentável episódio durante a crise por denúncias de corrupção do ex Ministro do Trabalho Carlos Lupi, em que a Conlutas/PSTU ficou calada tentando evitar um atrito que comprometesse os tramites para legalizar seu aparato sindical. Pior ainda, publicou em seu site a «autodefesa» que esse político burguês corrupto fez para tentar permanecer no cargo. Nos fatos, acabou se unindo às centrais governistas, CUT e Força Sindical, que tentaram, sem êxito, abafar o caso para salvar Lupi.
Depois, foi a hora de se integrar à Tripartite, uma mesa de negociação patrocinada pelo governo e os patrões para sentar às burocracias e organizações sindicais e negociar o fim das lutas selvagens na construção civil que percorrem o país questionando o brutal sistema de superexploração das empreiteiras amigas do governo. Como desgraça pouca é bobagem, o resultado das negociações da Tripartite foi catastrófico. Milhares de trabalhadores foram demitidos na tentativa de domesticar uma das categorias que mais luta no Brasil nesta conjuntura.
Porém, enquanto os trabalhadores da construção civil continuam lutando e passando por cima das direções pelegas, a Conlutas/PSTU fez votar no seu recente Congresso a participação na Tripartite, (onde teve uma expressiva minoria que votou contrária) um modelo de negociação que privilegia o «diálogo» à luta, historicamente criticada a participação da direção da CUT pelas organizações da esquerda, incluído o PSTU.
Não por acaso em metalúrgicos existe insatisfação que está sendo capitalizado pela velha burocracia, e o PSTU perdeu na principal fábrica de sua categoria a GM.
Preocupa-nos que este importante setor da vanguarda brasileira, num momento político tão importante, onde a crise mundial, que atinge o governo de Dilma e do PT que tenta aplicar uma política de ajuste como indica o receituário do mercado, não coloque suas energias a serviço de construir a unidade para fortalecer as inúmeras lutas em curso pelo Brasil afora. Estamos frente a um momento ímpar, onde as lutas por salário e melhores condições de trabalho pipocam por toda parte. A partir destas lutas se abre um profundo questionamento às velhas direções burocráticas e acomodadas que se enriquecem com o dinheiro do trabalhador, que vendem campanhas salariais e que são profundamente questionadas pelas bases. Esse é o exemplo que estamos assistindo no sindicato dos metalúrgicos de Niterói onde uma nova vanguarda passou por cima da direção burocrática e encabeça uma greve nos estaleiros de mais de uma semana.
O problema do PSTU é que sua direção armou seu partido, e pelo seu peso à própria Conlutas, que estamos numa conjuntura ruim, desfavorável, que pouco dá pra fazer, alimentando o ceticismo e armando que o máximo que dá pra fazer é exigir da presidente Dilma, confundindo a realidade política e da luta de classes, com a popularidade e os votos que obteve a candidata de Lula e abstraindo que os processos de greves e lutas que percorrem o país é devido a que os trabalhadores não aceitam pagar pela crise econômica. Além disso, não aceitam também as amarras dos velhos burocratas sindicais, em meio a crise do regime com os sucessivos escândalos de corrupção. Foi esta armação que levou os dirigentes da Conlutas/PSTU, a defender no sindicato dos metalúrgicos de Niterói que «há que tirar a burocracia do colo da patronal e nos unir a ela para negociar a campanha salarial», iniciando unilateralmente uma «negociação» com a odiada burocracia, desconhecendo a existência de um comando de base e sem consultar sequer a assembleia. Na primeira reunião com a patronal para a «negociação» que queria o PSTU, ficou claríssimo que era impossível tirar o burocrata do colo da patronal! Não somos contra de unirmos com a direção burocrática do sindicato, num movimento tático, desde que essa tática seja para favorecer aos interesses dos trabalhadores e que seja amplamente discutida e aprovada pelos próprios trabalhadores. Mas é importante saber que essa proposta era defendida em momentos em que uma mobilização histórica dessa categoria, com milhares de metalúrgicos desfilando pelas ruas de Niterói, desconheciam à velha direção traidora, pediam o «Fora Reginaldo» (presidente do sindicato) e exigiam a saída de toda a diretoria visto que não reconheciam mais politicamente esta direção. Tendo uma clara compreensão que a luta pelas reivindicações da campanha salarial está vinculada a destituição da atual diretoria do sindicato.
Mas a razão mais profunda que explicaria esta virada à direita do PSTU e, por conseguinte da direção da Conlutas por ele influenciada, é a adaptação aos aparelhos sindicais, a dependência financeira dos mesmos. Sabemos que a burguesia e a patronal procura por todos os médios cooptar os dirigentes honestos; que as pressões da administração da máquina sindical são muitas, e contra elas devemos lutar todos os dias. Mas o PSTU abandonou essa batalha, e se adaptou a ela, chegando a admitir que ativistas por eles apoiados entrem na justiça solicitando demissão de dirigentes sindicais; chegando a fraudar declarações como no caso dos metalúrgicos de Niterói; calando frente às acusações gritantes de corrupção ao ministro de Trabalho com o qual negociavam sua legalização; não exigindo a reintegração de dirigentes sindicais demitidos por lutadores pelo fato de pertencerem à outra corrente; de não participar da greve colaborando nos piquetes em uma das mais importantes fábricas localizada na sua área geográfica, como é a Johnson do Vale do Paraíba; inventando uma suposta «invasão» de sua sede por parte da Unidos/CST e da Intersindical para tentar sujar a imagem de duas correntes com as quais está militando na mesma chapa 3 SOS Metalúrgicos, denuncia ridícula desmentida rapidamente até pelos metalúrgicos membros da chapa que foram à sede do PSTU a pedir satisfação do presidente da Chapa, que é da Conlutas/PSTU.
Infelizmente, o PSTU/LIT-CI se utiliza de toda a simbologia morenista e na suposta autoridade de alguns velhos dirigentes para fazer acreditar às novas gerações que eles são os únicos fiéis interpretes e «herdeiros» do legado teórico, político, metodológico e moral do fundador de nossa histórica corrente, Nahuel Moreno. Mas a realidade dos fatos os desmente, pois não basta fazer homenagens nos aniversários, nem realizar atos por Moreno, nem editar seus livros, nem repetir algumas frases, quando se deixa de combater à burocratização e se atua no movimento de forma autoritária, aparelhista, sectária e por sua vez oportunista.
Sabemos que na Conlutas/PSTU existem muitos companheiros honestos, lutadores de verdade, que questionam muitas decisões da direção porque não visam à defesa de um aparato e querem a unidade sem imposições para fortalecer as lutas. Também no seio da LIT há setores morenistas consequentes que com certeza questionarão estas políticas. A todos eles chamamos a impor uma mudança de rumo nessa corrente sindical. Não adianta agitar bandeiras e se autointitular da tradição morenista e no dia a dia praticar uma política não solidaria, burocrática, divisionista, de intrigas, de falsificar fatos, autoproclamatória, autoritária e que não se baliza pela luta de classes. A tradição morenista é o oposto. Pratica a solidariedade, a democracia operaria, a unidade dos que lutam, a humildade e atua essencialmente e por cima de tudo, em função dos interesses dos trabalhadores a de suas lutas.
Coordenação Nacional da CST/PSOL – Rio de Janeiro, 10 de junho de 2012.