O primeiro turno das eleições foi marcado pela despolitização, sem debate de propostas ou projetos. O grande vencedor foi o centrão. A política de traição de classe do PT, os pactos conservadores de Lula com esses partidos ajudaram o centrão a crescer. Neste contexto as forças à esquerda da frente ampla tiveram poucos votos. Fez falta um polo ou frente unitária da esquerda independente.
O grande vencedor foi o centrão
O grande vencedor da disputa, como em 2020, foi o centrão. Um aglomerado de partidos burgueses, que defendem pautas reacionárias e de ataques contra a classe trabalhadora, que apoiaram Bolsonaro e atualmente estão no governo Lula/Alckmin. O PSD, o MDB, o PP e o União Brasil, conquistaram juntos mais da metade das prefeituras. O PSD, de Kassab, que possui 3 ministros no governo Lula/Alckmin, teve um crescimento de 35%. O MDB, possui 3 ministros no governo Lula e vai ao segundo turno em SP, a cidade mais importante do país. O Republicanos, partido do governador de Tarcísio, que ocupa 1 ministro no governo federal, duplicou de tamanho. E o PP de Arthur Lira, que está com um 1 ministro, cresceu 8%.
A conciliação de classes de Lula favorece a direita
A política de traição de classe do PT, os pactos conservadores de Lula com esses partidos ajudou o centrão a crescer. Não é desprezivel o papel das verbas de ministérios no governo federal, bem como em alguns casos o apoio direito de Lula como ao PSD no Rio. Do mesmo modo, nos governos anteriores os mandatos do PT (2003-2016) fortaleceram conservadores como Crivela, Michel Temer e Eduardo Cunha do MDB, a Igreja Universal do Partido Republicanos, o PP e o próprio PSD do Kassab que compunha o governo Dilma. Evidentemente a política de alianças do PT e de Lula prepara retrocessos para a classe trabalhadora. Com essa politica Lula e o PT aplica o arcabouço fiscal, corta verbas das areas sociais da saude e ediucação, ataca o salario e destina bilhoes aos agronegocio e multinacionais responsaveis pelas catastrofes ambientais. Neste contexto é que cresce a direta e se fortalece o centrão. Este retrocesso é fruto de toda confusão gerada pelo governo de conciliação de classes e promessas mentirosas de Lula, Dilma e do PT de que assim iria se melhorar a vida do povo trabalhador.
O PT perde protagonismo político
É fato que o PT fez uma eleição com mais votos do que nas anteriores. Reverteu a queda de prefeituras que durava 8 anos. Dessa vez, o PT cresceu 39%, elegendo 252 prefeituras. Mas esse dado numérico não esconde a ausência de protagonismo, e que os melhores resultado do PT são fora dos maiores centros urbanos. No caso do ABC, o PT mantem retrocessos. Hoje nos maiores centros o PT vai a reboque do PSD de Paes no Rio, João Campos do PSB ou coligado ao PSOL-REDE em SP e indicando Marta como vice (alguém que não estava no PT e votou o impeachment contra Dilma). Nas capitais os melhores resultados do PT é a ida ao segundo turno em Fortaleza e Porto Alegre. Duas cidades onde antigamente o PT governou e era uma potência eleitoral. Isso demonstra que amplos setores da classe trabalhadora e setores populare já não acreditam no PT e lamentavelmente, equivocadamente, votam na direita.
O PL de Bolsonaro cresceu
Nesse marco a extrema direita volta a crescer eleitoralmente. O PL, Bolsonarista, elegeu 510 prefeitos. Em 2020 foram 340. Um crescimento de quase 50%, mesmo após perder o governo federal. Atualmente o PL torna-se a 5° força política em prefeiturass. E estão na disputa de segundo turno de 23 cidades. Se preparam para 2026 com boas votações também nas câmaras de vereadores, com campeões de votos como Carlos Bolsonaro no RJ, Lucas Pavanato em SP e Pablo Almeida em BH. Um de seus problemas é o surgirmento de Marçal que dividiu a extrema direita em SP.
Faltou uma frente eleitoral à esquerda da frente ampla
A CST, como organização socialista revolucionária independente, atuou para construir um polo à esquerda da frente ampla, dos partidos que não integram o governo Lula/Alckmin e não estão coligados com partidos patronais. Fizemos essa propostas inumeras vezes desde dezembro de 2023. Entrevistamos e reunimos com lideranças de várias organizaçoes como a UP e PSTU, mas essa proposta não foi aceita por essas organizaçoes. Assim em SP, RJ e BH, surgiram duas chapas por fora da frente ampla, sem alianças patronais: da UP e do PSTU primando a dispersão e autoconstrução nessas cidades. Algo equivocado no atual contexto eleitoral.
Surgiu uma unidade eleitoral da esquerda indepedente
Apesar desse cenário, felizmente nos fatos surgiu uma unidade eleitoral na legenda democratica cedida pelo PSTU para forças como o MRT, SoB, Emancipação Socialista, e que nós da CST integramos. Foi uma campanha que expressou a independência de classe. Avaliamos como positivo que, em SP, também participou dessa unidade o PCBR. Logicamente teriamos mais força caso tivesse existindo um comitê ou bloco eleitoral unificado, coisa que os camaradas do PSTU se negaram. Agora no segundo turno de SP defendemos uma reunião dessas forças para coordenar açoes no segundo turno contra a extrema direita de Nunes, Tarcisio e Bolsonaro.
A CST fez uma campanha socialista e revolucionária
A CST, seção no Brasil da UIT-QI, apresentou nossas companheiras socialistas feministas Barbara Sinedino, Lorena Fernandes, Andressa Rocha e Jeane Carla. Colocamos nossas campanha a serviço das greve e lutas e realizamos solidariedade ativa a resistência palestina. Nossos panfletos defenderam o fim do arcabouço fiscal e do plano safra, a reestetização da Sabesp, da Cedae e do Metro de BH, o não pagamento da divida e taxação dos bilionários, a legalização do aborto, o fim da PM, a emergencia climatica expropriando as multinacionais poluidoras e a punição da extrema direita golpista. Dialogamos com trabalhadores e jovens que são eleitores da frente ampla mas que ouviam nossa criticas a politica de Lula e escutavam a ideia de uma esquerda indepedente. Uma parte deles concordava com nossas propostas, apesar de manter o voto na frente ampla. Esse dialogo vai seguir no segundo turno e nas lutas que estão por vir. As nossas candidaturas explicaram que enquanto formos governadors pela patrões não há saida para a classe trabalhadora. Semearam a ideia de um esquerda independente e unitaria que lute por um governo da classe trabalhadora, sem patrões, e um Brasil socialista. Por isso agradecemos a cada trabalhadora ou jovem que votou em nossa proposta e os convidamos a ingressar na CST. Participar de nossas reuniões, divulgar nosso jornal e ajudar a financiar nossa organização.
*Editorial jornal Combate da CST. 9/10/2024