Por Unidade Internacional dos Trabalhadores – Quarta Internacional
Cerca de 100 mil trabalhadores do gigante do sector automóvel declararam uma greve nacional sem precedentes. Desde segunda-feira, 2 de dezembro, têm vindo a realizar grandes paragens de trabalho de duas horas por turno para rejeitar os planos dos patrões de reduzir os salários em 10%, despedir trabalhadores e encerrar algumas fábricas pela primeira vez na sua história. Esta é a primeira grande greve a nível nacional a afetar a Volkswagen desde o pós-guerra.
A cidade de Wolfsburg é o epicentro do conflito. Mais de 60 mil pessoas trabalham diretamente para a fábrica da VW nesta cidade e mais de 30 mil indiretamente, o equivalente à maioria da cidade, que tem 128 mil habitantes! A greve teve lugar nesta cidade, junto com grandes protestos e manifestações de rua dos grevistas e do sindicato IG Metall (sindicato dos metalúrgicos). A ação laboral já começou a paralisar a produção de automóveis, incluindo o carro-chefe da marca, o VW Golf, que começou a ser produzido ali em 1974.
Na cidade de Zwickau, no leste da Alemanha, onde a primeira fábrica da marca foi construída em 1904, centenas de trabalhadores saíram à rua durante a greve de duas horas, gritando bem alto: “Estamos fartos!”. Sem surpresa, a fábrica dessa cidade foi a primeira a produzir carros 100% elétricos até 2020. Quatro anos depois, os planos da empresa falharam e a queda nas vendas de carros eléctricos, perto de 70%, provocou uma queda de 64% nos lucros da empresa no terceiro trimestre do ano, que pretende agora fazer com que os trabalhadores paguem pela crise.
A greve de duas horas por turno, juntamente com as mobilizações, são as primeiras medidas. “Se necessário, este será um dos conflitos mais duros que a Volkswagen já viu”, afirmou o negociador do IG Metall. Na mesma linha, o responsável pelas negociações em Wolfsburg afirmou: “Quem ignora os trabalhadores está a brincar com o fogo, e nós sabemos como transformar faíscas em chamas!”. Em perspetiva, o conflito parece ter começado apenas recentemente e está longe de ser resolvido nas próximas negociações.
A crise da VW faz parte da crise económica mundial. A locomotiva da “economia europeia” está gravemente danificada e mergulhada numa grave recessão que afeta também outros construtores europeus de automóveis. Esta grave crise teve também um impacto político, derrubando o governo de Olaf Scholz, que foi forçado a antecipar as eleições para fevereiro do próximo ano. Esta combinação de crise económica, política e social forma uma “tempestade perfeita” que faz explodir os períodos de “paz laboral”.
Perante esta situação, os trabalhadores da Alemanha e de toda a Europa procuram uma saída, em que a greve, a mobilização e a independência política dos que lutam serão decisivas para vencer os governos, os grandes capitalistas e os seus planos de austeridade.