A COP-30 – como temos visto em todas as COP´s anteriores – será “mais do mesmo”. Os países imperialistas e seus governos, com o apoio financeiro de suas multinacionais, debaterão a crise ambiental, realizarão painéis de especialistas, enfeitarão o evento convidando personalidades do meio ambiente, das populações tradicionais e de ONG’s. Terão consenso em muitas resoluções para diminuir o efeito estufa até 2030, mas quando se tratar de questões que afetem seus lucros simplesmente não assinarão os tratados como fizeram os Estados Unidos e a China com o Acordo de Paris de 2015.
Na COP-30 oficial se encontrarão países imperialistas, como os Estados Unidos, que através do presidente ultradireitista Donald Trump, faz um tarifaço em países como o Brasil, subjugando-o para demonstrar o seu poderio imperialista e proteger a economia norte-americana. Assim como todos os países do G7 e da União Europeia que através do mecanismo da dívida externa e de suas multinacionais sugam nossas riquezas.
Os mecanismos debatidos desde o Protocolo de Kyoto (Japão) em 1997 durante a COP 3 (que só entraram em vigor em 2005 devido à resistência dos principais países poluidores) e aprofundados pelo Acordo de Paris de 2015 (COP-21) tem sido insuficiente para combater o efeito estufa. Isso porque os Estados Unidos, responsável por 13% das emissões de gases de Carbono, ao lado da China, que é o campeão na emissão com 27% do total, tem sua economia dependente dos combustíveis fósseis, como o petróleo. Enquanto os 100 países mais pobres emitem apenas 3% de gases estufa.
Com base no Acordo de Paris de 2015, que coloca como meta manter a temperatura média global do planeta bem abaixo dos 2ºC em relação aos níveis pré-industriais e envidar esforços para limitar esse aumento de temperatura a 1,5ºC em relação aos níveis pré-industriais, várias iniciativas tecnológicas e financeiras começaram a ser implementadas como forma de substituir o combustível fóssil por outras fontes renováveis de energia.
Uma das engenhosidades da indústria capitalista, que tem a China hoje como carro chefe, foi a implementação dos carros-elétricos. Os veículos elétricos (VEs) podem reduzir a emissão de CO2 em até 70% se comparados com os modelos a combustão. A redução pode ser ainda maior se a eletricidade vier de fontes renováveis como a solar e a eólica.
Entretanto, os ambientalistas alertam para o perigo que está por trás dos carros-elétricos, como a extração mineral do lítio, que é a matéria-prima para a produção das baterias dos carros-elétricos. Assim como qualquer outra atividade de mineração, os processos de extração, refino e descarte do lítio também agridem o meio ambiente, inevitavelmente causam degradação do solo, perda de biodiversidade, contaminam a água e o ar, segundo recente relatório da Friends of the Earth International, FoEI, organização ambientalista que atua em diversos países. Além da agressão ao meio ambiente, está presente o alto consumo de água para a lavagem do mineral lítio. São necessários 2,1 milhões de litros de água para refinar 1 tonelada de lítio. Atualmente cerca de um quarto do fornecimento de Lítio no mundo vem das salinas do Atacama no norte do Chile, onde são consumidos cerca de 21 milhões de litros de água para a extração e o refino por evaporação do minério. Chile, Argentina e Bolívia formam o chamado “triângulo do lítio” e concentram mais da metade de todo o lítio do planeta.
Na COP 29 foi estabelecida a meta de US$ 300 bilhões por ano até 2035, a cifra foi considerada insuficiente pelos países mais afetadas pelas mudanças climáticas e não foi devidamente detalhada a fontes de financiamento (doações vs. empréstimos). A COP 29 apontou uma alternativa financeira sobre compensação de carbono e estabeleceu regras para o novo mercado global de créditos de carbono, aprovando um mecanismo sob a administração da ONU para regular a compra e venda de emissões. Um verdadeiro negócio capitalista revestido de medida de proteção ambiental.
A utilização global de combustíveis fósseis continuou a aumentar. Pesquisas do Global Carbon Project indicaram que as emissões globais de carbono provenientes de Consultorias como a McKinsey projetam que os combustíveis fósseis continuarão a dominar a matriz energética global muito além de 2050. A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) também reafirmou em outubro de 2025 suas previsões para o aumento da demanda global por petróleo em 2025 e 2026. Todos dados que escancaram a mentira da “transição energética” da “economia verde”.
A mentira das melhorias das obras da COP 30 em Belém
A realização da COP 30 em Belém levou à cidade uma série de mudanças que não beneficiaram a população trabalhadora. Os investimentos realizados têm consequências desfavoráveis. A questão da moradia, que sempre foi um grave problema na cidade, se aprofundou a partir da especulação imobiliária e a desapropriação de zonas.
De acordo ao índice de preços ao consumidor (INPC-IPCA) do Instituto de Geografia e Estatística (IBGE), de junho de 2025, houve em Belém o maior aumento no preço dos aluguéis residenciais no primeiro semestre do ano, com uma alta de 5,95% – mais de dois pontos percentuais acima da média nacional, e esta é a dinâmica que permanece e que se vislumbra como legado da COP 30.
A política de remoções provocou demolição de casas principalmente em áreas de intervenções para canais de macrodrenagem e saneamento. Famílias tiveram que deixar suas casas, mas os valores pagos aos desapropriados foram insuficientes para a compra de novos imóveis. Dados do InfoAmazônia, avaliam que 500 famílias foram desalojadas com indenizações entre R$ 5 mil e R$ 40 mil.
Estas mudanças estão provocando um deslocamento das famílias a bairros mais afastados e sem estrutura. O Instituto Trata Brasil, divulgou em 2024 que 91% da população paraense não tem acesso à coleta de esgoto. Este panorama dos moradores da capital vai se aprofundar, pois os investimentos da COP 30 em saneamento, foram prioritariamente focados em melhorar a infraestrutura de bairros já valorizados, como o Umarizal, em detrimento das áreas periféricas mais necessitadas.
As obras da COP 30 somente beneficiaram os ricos, que vão aumentar seus lucros com especulação imobiliária, entre tanto a população trabalhadora e mais pobre será jogada a morar em locais periféricos sem condições mínimas de estrutura de água, luz, transporte.
Protestos e greves denunciaram os atropelos
Um retrato desta situação foi o protesto realizado pelos moradores da Vila da Barca, uma favela de 7 mil habitantes formada pela expulsão de população das áreas valorizadas. Durante e o Círio de Nazaré em 11 de outubro, a procissão fluvial se deparou com grandes faixas e concentração dos moradores à beira da Baia de Guajará pedindo respeito, pois durante as obras foi desapropriado um prédio para construção de uma estação elevatória para tratamento do esgoto dos bairros nobres, e a Vila foi a escolhida pelo governador Hélder Barbalho para receber o esgoto dos ricos.
Moradores de três comunidades tradicionais ribeirinhas fizeram protestos contra o risco de remoção e de destruição ambiental da construção da Avenida Liberdade, uma nova via expressa que passa pela Área de Proteção Ambiental (APA) Metropolitana de Belém.
Empresários das construtoras, que lucraram com as obras da COP e a especulação imobiliária, pretendiam aumentar R$5 nos salários e R$10 na cesta básica dos trabalhadores da construção civil. Uma forte greve, que tomou as ruas de Belém por dez dias, arrancou dos empresários um aumento real de 1,37%e reajuste total de 6,5%.
Apoiamos todas as lutas dos povos tradicionais, ribeirinhos, indígenas, quilombolas, a classe trabalhadora e aos mais pobres, que certamente continuarão enfrentando o legado de atropelos da COP 30 que governo e os ricos especuladores vão deixar com este evento.


